Eu vôo pelos meios-dias, pelas altas madrugadas.  Sendo franca, não sei se vôo para cantar ou se canto para voar.  Uma questão irrelevante para pássaros, mas nós, q não temos asas, temos questões, histórias e sensações para contar.  A letra desta canção começou durante um vôo que fiz com a banda, decolando de Alfenas e pousando no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.  Foi a primeira vez q, durante uma viagem aérea, tive uma atração irresistível pelas imagens do céu vistas do pequenino avião.

A canção que surgiu dali foi composta nota por nota no piano, procurando caminhos melódicos elaborados, não comuns no nosso universo até então.
Do artesanal da composição passamos à gravação, com participação de Egberto Gismonti no piano e arranjo de orquestra de cordas.
A crítica recebeu o disco Autolove com elogios espantados.  Eu gostava do som desse título.  Um conceito complicadinho de auto-amor, como disse a Folha, sinal de maturidade musical, como disse o JB e sofisticado, no sentido rendado, como escreveu O Globo.  Se fosse hoje, talvez eu o chamasse de Automóvi, pq ninguém disse q poderia ser um carro em movimento, como Memê desenhou, um fusquinha do amor.

Nos últimos mêses, fiquei obcecada por tirar fotos de céu.  No meu celular tosco de qualidade fotográfica baixíssima, consegui tons, humores, e movimentações q estamos acostumados a ter sobre nossa cabeça e que, no meu caso, influenciam fortemente no q vai por dentro dela.
De céu em céu, lembrei-me daquele primeiro q me emocionou, e convidei Luciana para me ajudar a fazer um clip pobre e nobre ao mesmo tempo.
Não se trata de um hit, não é nem será música de trabalho, não foi aprovado pelo Kid, não serve para nada, mas é meu presente.
Com amor,
Paula